terça-feira, 11 de maio de 2010

E João comeu a onça.

O folclórico cidadão aureliense João da Hora que emprestou seu nome para a denominação de uma das ruas da sua cidade (Aurelino Leal) é dono de uma panela que fala e assegura que já viu um urubu cantar, anexou às suas inúmeras proezas, a condição de valente caçador de onças. Foi numa dessas famosas caçadas, quando ele ainda estava no vigor dos seus 17 anos de idade, que aconteceu um inusitado caso, o qual João jura ser verdadeiro e que lhe rendeu descendência na vastidão da Mata Atlântica.

João tinha três cachorros, chamados de “Lontra”, “Piau” e “Osso Puro”, e um belo dia estava no mato em companhia do seu pai, que então estava amolando o machado para coivar. Nesse momento os cachorros, em latidos de acuo, subiram a serra. Atarefado o pai disse que daquela vez não iria seguiros cães para saber o que eles estavam acuando. Nesse impedimento João da Hora se prontificou a cumprir tal missão. O pai recomendou que não fosse, pois caso contrario a onça poderia lhe comer.

João insistiu sob o argumento de que já tinha assistido seu pai matar alguns dos ferozes felinos e com isso também tinha aprendido como matá-los. De tanto insistir (pai me deixa ir...) acabou obtendo a licença paterna para a temerosa empreitada: “Você é quem sabe, eu vou coivar o roçado”, disse o pai.

De clavinote em punho e desobedecendo aos conselhos paternos, João da Hora acompanhou a cachorrada pela mataria do Poço D’Anta. Subiu a serra, as esquerda, e num determinado ponto resolveu dá uma “paradinha de perna pra lembrança” raciocinou: “Fundar pra lá é viado, é catitú, eu não vou lá atrais não que eu me perco na mata”. Nesse instante o som dos latidos virou em sua direção e ele concluiu que era a anta que vinha rompendo.

Posicionou-se, de clavinote em punho, para tocaiar o animal. Nesse momento um barulho de galhos quebrando lhe desvia a atenção, volta o olhar em direção à retaguarda e se depara com uma pintada lhe espiando.

O que aconteceu em seguida ele conta com precisão: “Tomei tanto medo que o clavinote caiu da minha mão. Os cachorros passaram virados numa flexa, atrás da anta. Lembrei das palavras do meu pai ao avisar que eu ia ser comido pela onça, e pensei:- agora não sei o que vou fazer. Foi aí que a onça olhou pra mim com uma carinha limpa... Veio de lá pra cá e passou o rabão folpudo aqui no pé do meu imbigo. Tornou a virar pra lá, foi lá, voltou e tornou a passar o rabo, já em riba do imbigo. O clavinote no chão...eu com medo... A onça passou de novo pra lá e quando ela veio de lá pra cá, às direita, passou já o rabo na minha boca. Aí eu olhei bem direitinho e vi que ela tava no cio. Pensava que eu era um onço”.

Reafirmando que o acontecimento foi verdadeiro João da Hora concluiu que a onça tinha outras intenções: “Aí eu perdi o medo e disse: - Já sei o que você tá querendo. Você não vai me comer não, quem vai te comer sou eu! E pan, pan, pan. Sei que ela ficou enxertada e é por isso que eu tenho uns 50 a 60 bisnetos no mato”.

José Américo /

Jornal Tribuna da Região

Um comentário:

  1. kkkkkkkk
    História engraçada, é baseada em fatos reais?Aconteceu com vc?

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